Sucesso de ‘O Quebra-Nozes’, com ingressos esgotados em sete minutos, leva Theatro Municipal a montar telão em área externa

Em sete minutos e 20 segundos — precisamente nesse tempo, de acordo com a plataforma responsável pela venda on-line dos bilhetes —, o público liquidou, sem dó, a primeira leva de 4.500 ingressos disponíveis para parte das sessões de “O Quebra-Nozes”, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A disputa por entradas, na internet, foi um Deus-nos-acuda, e as reclamações de quem não conseguiu um lugar na plateia seguem ecoando nas redes sociais (sim, todas as dez apresentações, que se estendem até o dia 22, estão esgotadas). Em resposta ao coro dos descontentes, o teatro montará um telão na área externa do endereço, na Avenida Treze de Maio, entre os dias 19 e 21, a fim de transmitir ao vivo e gratuitamente o clássico espetáculo de balé com temática natalina. Mas, atenção, será necessário chegar cedo para retirar senhas individuais (uma para cada CPF), liberadas com uma hora de antecedência, já que o local possui uma limitação para 300 espectadores.

Fato é que esta montagem inédita de “O Quebra-Nozes” — com sessões sempre de quinta-feira a domingo — já se configura como um fenômeno marcante na história do Theatro Municipal. Há duas semanas, quando a venda de ingressos foi aberta, a equipe de funcionários se espantou com a multidão ao redor do local, numa fila que dava voltas no edifício histórico. Preocupadas com possíveis falhas e instabilidades na vendagem pela internet, algo que acabou se confirmando, centenas de pessoas se dirigiram ao lugar para garantir o bilhete por meio da compra presencial, iniciada quatro horas antes da venda on-line. Às 5h, já havia gente aglomerada na porta do teatro, grande parte delas com guarda-chuvas (para se proteger do sol) e cadeirinhas de praia. Detalhe: a bilheteria só abria às 10h. Guardadas as devidas proporções, a cena se assemelhava às tumultuadas buscas por ingressos de shows recentes de figurões estrangeiros no país, como Taylor Swift e Bruno Mars.

— Levamos um susto. Essa procura toda é uma vivência nova para nós — afirma Clara Paulino, presidente da instituição. — Estamos aprendendo a lidar com essa situação e, claro, já pensando e estudando alternativas para casos futuros.

A presidente do teatro reconhece que houve falhas pontuais na venda on-line. Ela esclarece, por exemplo, que o sistema não consegue restringir quais lugares podem ser oferecidos por meio da internet e do guichê físico no teatro. Aconteceu, então, que os melhores assentos foram quase todos vendidos na bilheteria presencial, aberta antes. A outra metade dos bilhetes — disponibilizados na web — acabou concentrando os assentos menos visados. Daí a chiadeira.

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Nas redes sociais, houve quem se queixasse de uma suposta redução no número de ingressos ofertados, tendo em vista a cota voltada para o patrocinador da atual temporada na casa, a Petrobras. Clara esclarece que a empresa abriu mão de mais ou menos metade dos bilhetes a que tem direito — o que totaliza cerca de 20 pares por sessão.

— Há toda uma comoção, e as pessoas têm direito de reclamar. Mas determinadas informações que estão sendo propagadas nas redes não procedem — enfatiza a gestora. — A gente foi realmente surpreendido por essa compra veloz dos ingressos. Depois que tudo se esgotou tão rapidamente, achamos até que o sistema do teatro tinha sido hackeado.

Mas, afinal, qual a explicação para o frisson em torno de “O Quebra-Nozes”? Tradicionalmente, como explicam os programadores do teatro, há um interesse redobrado do público por balés conhecidos, daqueles que pairam no imaginário coletivo (quem aí nunca ouviu a melodia de “Valsa das flores”?). Foi assim com “O lago dos cisnes”, por exemplo, que também lotou o endereço em maio. Junte-se a isso os preços populares — entre R$ 20 e R$ 100 (ou R$ 10 e R$ 50, levando-se em conta a meia-entrada) — e o fato de a famosa obra de Tchaikovsky não ser apresentada, na sala, há oito anos. Pronto, está aí a anatomia de um fenômeno, em montagem encenada pelos corpos de baile, coro e orquestra do Theatro Municipal sob direção de Hélio Bejani e regência de Javier Logioia Orbe.

— As pessoas estão nos pedindo para abrir mais récitas, mas isso é impossível, já que nossa programação é inteiramente definida com um ano de antecedência — explica Clara. — O que já fizemos agora foi alterar a programação de 2025. Nossa intenção, no próximo ano, era apresentar dois balés inéditos. Decidimos, então, derrubar um deles para voltarmos com “O lago dos cisnes” e apresentarmos de novo “O Quebra-Nozes”.

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