“Por que uma mulher trans precisa aparecer sozinha numa trama? Somos uma comunidade, temos os nossos. Nada mais justo que Buba (Gabriela Medeiros) não só comentasse sobre seu grupo de amigas, mas também convivesse com elas nesta releitura de ‘Renascer’. Isso é representatividade”, enaltece Bianca DellaFancy, persona drag queen de Felippe Souza, de 34 anos, que surge como Janaína/Jorge na novela das nove da TV Globo.
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A personagem, que fala tudo “na lata”, surgiu há uma semana na trama de Bruno Luperi na companhia de Maitê (Gabriela Loran) e Natasha (Galba Gogoia), duas mulheres trans como Buba, aprontando uma festa de aniversário surpresa para a mulher de José Venâncio (Rodrigo Simas). E, segundo elas, vão permanecer na história, relembrando à amiga quem ela era antes de conhecer o publicitário, que tanto tenta controlá-la.
— As personagens estão sendo apresentadas de uma forma muito humana. Estamos cansadas de falar sobre dor, sofrimento, preconceito. Queremos representar problemáticas do cotidiano. Eu não fico o dia inteiro pensando se vou usar o banheiro feminino ou o masculino. Penso em pagar as minhas contas, em ajudar meus pais, na complexidade do relacionamento com o meu namorado. Tenho as minhas cachorras, a minha casa, as minhas consultas médicas — enumera Gabriela Loran, de 30 anos, em cena a mais centrada do grupo: — Emprestei muito de mim a Maitê. Sou formada em Artes Cênicas e estudo Psicologia. E, no meu grupo de amigas, sou a que mais aconselha. Minha personagem também vem como a voz da razão, faz Buba refletir.
Bastidores de cena de “Renascer” com Galba Gogoia, Bianca DellaFancy e Gabriela Loran — Foto: Paulo Barros/Rede Globo/Divulgação
Barraqueira, Natasha marca a estreia em novelas de Galba, que, além de atriz, é roteirista.
— Sou muito noveleira, a ponto de assistir às cenas da trama original e as do remake para comparar — entrega a pernambucana, de 30 anos, que prefere se identificar como travesti, por uma questão política, e diz ter o espírito bem-humorado de sua personagem: — Ela escuta Buba reclamando da relação com Venâncio e fala: “Next! Para de sofrer por homem!”. Também sou assim. Estou solteira e acho que me tranquei para relacionamentos porque os homens não sabem lidar com os próprios desejos e sentimentos. Têm medo do julgamento da sociedade e tentam nos esconder.
A travesti Galba Gogoia — Foto: Vida Fodona/Divulgação
Rejeição na família
Em comum com a trajetória de Buba, Galba Gogoia tem um capítulo de rejeição familiar. A personagem de Gabriela Medeiros emocionou o público ao contar que tinha pais, mas eles não tinham filha. Já a pernambucana conta que cortou todo o vínculo com seu pai biológico, aos 22 anos, quando ainda não havia transicionado e se considerava um homem gay.
— Ele me disse que, se eu fosse essa pessoa que eu sou, que eu esquecesse que ele existe. E eu esqueci mesmo. Não sei se está vivo ou morto. Não sinto falta de quem não me aceita — conta Galba, que na época recebeu apoio financeiro de amigos LGBTQIA+ para se manter no Rio.
Bianca DellaFancy é a drag queen interpretada por Felippe Souza — Foto: Vida Fodona/Divulgação e Reprodução/TV Globo
Arte performática
Acostumada às passarelas, à internet e aos cliques de ensaios de moda, a paulistana Bianca DellaFancy também faz sua estreia em novelas. Na trama, quando Janaína se desmonta, ela é Jorge. Da mesma forma, no dia a dia, Bianca dá lugar ao artista Felippe Souza.
— Eu acho importante aparecer como boy na novela, assim como acontece na vida real. E reforçar a diferenciação da drag queen para a mulher trans, travesti. As pessoas ainda confundem, colocam tudo no mesmo balaio —enfatiza.
A atriz Gabriela Loran, mulher trans — Foto: Vida Fodona/Divulgação
O sonho da maternidade
Assim como Buba, a gonçalense Gabriela Loran deseja muito ser mãe.
— Este é o sonho número um da minha vida. Mas tenho paciência, porque quero parar tudo para criar essa criança, quando ela vier. Independentemente se vai ser por inseminação, por adoção… Mas eu pretendo viver plenamente esse momento — afirma Gabriela, contando que não falta muito para esse momento chegar: — Entre os meus 35 e 40 anos, já quero estar com meu filho, minha filha ou filhe comigo. Venho estudando para dar certo, assim como preparei tudo para a minha cirurgia de redesignação sexual na Tailândia (em janeiro deste ano) — detalha a atriz, que namora o designer e empresário Antônio Beato, de 20 anos.
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