Blocos não oficiais levam Prefeitura do Rio a criar esquema para garantir limpeza e fluxo no trânsito da cidade; entenda

Já é carnaval no Rio, mesmo ele só começando oficialmente no próximo sábado. Figurinha repetida todos os anos, os blocos independentes e que não estão cadastrados junto ao município impõem desafios à prefeitura: desde o início do ano, já ocupam ruas e praças sem a infraestrutura necessária — como banheiros químicos, segurança e agentes de trânsito — que busca manter o bom funcionamento da cidade para todos. Para tentar garantir alguma ordem, a gestão municipal planeja ações, mesmo com a imprevisibilidade da folia não oficial.

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— É importante destacar que eles (os blocos não oficiais) são muito bem-vindos na cidade. O ideal é que tenhamos informações sobre eles para que possamos oferecer toda a infraestrutura e segurança, assim como é feito para os blocos cadastrados — ressalvou o presidente da Riotur, Bernardo Fellows.

Para reduzir o impacto causado por desfiles fora da agenda, a prefeitura vai ter um esquema de pronto emprego para atuar quando souber de alguma aglomeração. Nesses casos, as equipes de trânsito e limpeza serão acionadas a partir do momento em que os blocos já estiverem nas ruas, para realizar interdições e cuidar da limpeza após a folia.

Para preservar a cidade, canteiros e monumentos já começaram a ser cercados. Cerca de 1.880 metros de grades baixas serão usados para proteger a vegetação e equipamentos urbanos. Além disso, 20 mil metros de gradeamento alto serão aplicados para impedir a depredação de monumentos no centro do Rio, região que abriga os maiores blocos.

Banheiros químicos já começaram a ser instalados na cidade do Rio — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Só para os blocos oficiais estarão disponíveis 34 mil cabines de banheiros químicos e pontos de hidratação para aliviar o calor dos foliões. Uma novidade para ajudar na segurança será a utilização de drones no circuito dos megablocos equipados com câmeras, que vão transmitir imagens para o Centro de Operações Rio (COR). Mais de 500 operadores vão fazer a verificação do material enviado pelos drones. Além disso, mais de 3.800 câmeras serão usadas para monitorar os blocos espalhados pela cidade.

Folia oficializada

Apesar de a cidade já respirar carnaval, com gente de maquiagem, maiô e meia arrastão passeando por aí, a folia oficial só começa no próximo sábado. Anunciada nesta terça-feira, uma lista pré-aprovada pela Riotur traz 482 desfiles de blocos, 29 a mais do que no ano passado. A previsão é que seis milhões de pessoas se divirtam nos cortejos de uma maratona momesca que vai se estender por 37 dias.

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O coração do folião que é folião vai bater mais forte no sábado, quando o Carrossel de Emoções pisar no circuito de megablocos, no Centro. Este será o primeiro dos nove gigantes a desfilar na Avenida Antônio Carlos. Em 2025, questões de saúde provocaram dois desfalques. Não vão se apresentar o Bloco da Lexa, porque a cantora que o comanda, grávida, teve quadro de pré-eclâmpsia, e o Bloco da Preta — a idealizadora Preta Gil trava uma batalha contra o câncer. Quem debuta na categoria é o SeráQAbre?, no dia 9 de fevereiro. Na lista, estão ainda Chá da Alice (domingo), Gold (dia 15), Favorita (dia 22), Bola Preta (1º de março), Fervo da Lud (4 de março), Anitta (8 de março) e Monobloco (9 de março).

— Mais de 480 blocos já estão pré-autorizados para desfilar. Agora, precisam apenas cumprir as exigências impostas pelos poderes públicos. Vale lembrar que, a cada ano, esse número cresce, e os blocos conseguem desfilar atendendo a essas exigências — afirmou Fellows.

Centro tem mais blocos

Entre os blocos com cadastro preliminar, o Centro sobressai como a região que mais reúne desfiles, mantendo o mesmo número do ano passado: 128. A Zona Sul vem em seguida, com 101. Também foram registrados 64 na Zona Norte e igual quantidade apenas na Grande Tijuca. A Zona Oeste foi dividida por áreas, com cortejos espalhados por Jacarepaguá (10); Barra, Recreio e Vargens (16); Grande Bangu e adjacências (28); e demais bairros da região (33).

— Nesse período de blocos, fiscalizamos táxis e carros de aplicativos para evitar ilegalidades na abordagem e na cobrança dos clientes, especialmente nas áreas de entrada da cidade. Também faremos o auxílio aos blocos oficiais no encerramento, para que a cidade volte a funcionar assim que o bloco termine — declarou Brenno Carnevale, o secretário de Ordem Pública do município.

Cerca de 15 mil vendedores ambulantes — entre 55 mil inscritos — foram credenciados para trabalhar durante o carnaval do Rio. A distribuição dos kits para os selecionados começa hoje. A Secretaria municipal de Saúde colocará quatro postos médicos e quatro postos pré-hospitalares próximos aos locais dos blocos para atender foliões. Além disso, a pasta preparou 19 leitos, 24 poltronas de hidratação e 157 ambulâncias para possíveis ocorrências.

O secretário Daniel Soranz observou que moradores e turistas não devem levar objetos de vidro para a festa de rua. Os ambulantes cadastrados também não poderão vender produtos em embalagens que ofereçam riscos.

— É importante lembrar que os foliões não levem garrafas de vidro e itens perfurocortantes nos blocos do carnaval. A proibição desses objetos na festa diminui muito os atendimentos, tanto na folia quanto no réveillon — destacou o secretário de Saúde.

20 mil litros de sabão

Para garantir a limpeza da cidade, a Comlurb disponibilizará 11 mil contêineres de lixo, espalhados pelos circuitos dos blocos. Mais de sete mil garis vão trabalhar nos dias de carnaval.

— Mais que dobramos a quantidade de veículos usados na operação de limpeza para este ano. Além disso, utilizamos dois mil litros de essência de eucalipto no ano passado, e agora passamos para cinco mil, além de outros 20 mil litros de sabão líquido. Tudo isso para deixar o carnaval ainda mais cheiroso — explicou o diretor de Limpeza Urbana da Companhia, Alexandre Campos.

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