É dado o nome de Sherpa aos carregadores que ajudam ao levar a bagagem dos aventureiros na subida do Everest, um trabalho árduo e só para quem tem muita experiência. Mas um francês chamado Mathieu, junto com mais dois sócios, Bastien e Ben, estão dispostos a mudar esta história. Há pouco mais de um ano, em Sydney na Austrália, eles fundaram a Sherpa, que tem uma missão muito clara, entregar qualquer coisa, em qualquer lugar, dentro das cidades onde atuam, em até duas horas. Pode ser que vocês pensem que isto é mais uma empresa de motoboys ou tele-entrega. Não, eles realmente mudaram a forma como o sistema funciona. E por isso o StartSe no Mundo foi conversar com o Mathieu, que é o CEO e fundador da empresa.
Como toda startup, a sede é espartana, mas descolada, sem recepção, na entrada já dei de cara com uma mesa de ping pong e alguns pufs para relaxar. O ambiente é todo aberto, o que permite uma melhor interação entre todos. A equipe é de aproximadamente 10 pessoas, mais o time de desenvolvimento, que fica nas Filipinas.
Mas vamos À base do negócio, que são os Sherpas. Este é o nome dado aos entregadores autônomos, que após passarem por uma aprovação da empresa, são cadastrados e habilitados para receberem ordens de entrega através do aplicativo. Para se cadastrar, basta ter uma bicicleta, moto ou carro. Com esta rede de entregadores, tudo começa a funcionar, são hoje quase 10 mil autônomos cadastradas e 40 mil entregas mensais. Segundo Mathieu, o grande diferencial está na tecnologia que eles criaram, a qual torna o todo o processo mais eficiente e altamente controlado.
O racional do serviço é simples: seu eu preciso de uma entrega de um documento, por exemplo, do outro lado da cidade, vou logar na web ou no aplicativo, descrever rapidamente a origem e o destino da minha entrega, e o sistema irá localizar por GPS o Sherpa mais próximo e, a partir daí, gerenciar todo o processo. O cliente consegue acompanhar em tempo real onde está o seu entregador, e ainda manter o destinatário informado sobre o recebimento da entrega.
É uma revolução para o mercado de entregas individuais. Imagine que você, através do aplicativo, em poucos minutos terá alguém fazendo a coleta e realizando a sua entrega. Hoje 98% das entregas são feitas em menos de uma hora. O modelo de negócio é muito parecido com o Uber, mas unicamente com o objetivo de realizar entregas. A empresa cobra do cliente uma taxa pelo serviço, fica com um percentual e repassa ao entregador o restante.
Mas para Mathieu a maior oportunidade está no mercado corporativo, que é de onde já vem hoje a maior parte da receita da empresa. Segundo ele, a tecnologia da Sherpa é capaz de finalizar a experiência de compra de um cliente com alto nível de satisfação. Ele comentou que este é hoje um grande desafio das empresas de todos os tamanhos, pois investem muito na parte inicial da experiência de compra e na hora da entrega, conhecida como “last mile”, mas que ainda é uma parte do processo, falham, por dificuldade de acompanhar e garantir a qualidade. Graças a tecnologia da Sherpa, isso pode mudar.
Visualizando esta oportunidade do mercado, em maio eles irão lançar um novo serviço, ainda mais revolucionário. Aquelas empresas que já possuem uma frota própria, por uma pequena taxa mensal poderão usar o sistema de entregas e toda a tecnologia de gerenciamento de frota. Isto por si só já aumenta de forma muito significativa a produtividade dos entregadores de qualquer empresa. Mas o melhor é que com a frota própria da empresa cadastrada no sistema da Sherpa quando um entregador estiver ocioso ele poderá realizar entregas para outras pessoas ou empresas usando o aplicativo, e a empresa dona da frota passa a ser remunerada por isto. Então, segundo Mathieu, a frota própria das pequenas ou grandes empresas deixa de ficar ociosa e ainda vira fonte de receita. Em paralelo, obviamente a empresa do Mathieu passa a ter uma rede de entregadores muito maior podendo crescer ainda mais sua atuação.
Após o lançamento deste novo produto a empresa pretende começar a sua internacionalização e, até o final do ano, realizar 100 mil entregas por mês. Torceremos para que eles venham para o Brasil, pois sem dúvida as oportunidades por aqui são muitas neste mercado.
Fonte: SartSe