Foi no rastro do megassucesso “Pantanal”, em 1990, que a extinta TV Manchete colocou no ar “A história de Ana Raio e Zé Trovão”. A novela protagonizada por Ingra Lyberato, e Almir Sater e idealizada e dirigida por Jayme Monjardim, focava na trajetória da famosa peoa de uma companhia de rodeios que percorria o país com sua caravana, enquanto procurava pela filha que foi arrancada de seus braços ainda bebê. Com a onda dos remakes, a obra voltou a ser lembrada pelos noveleiros, fãs de tramas interioranas. Ainda mais depois que Ingra fez uma participação especial no último capítulo da recente versão de “Pantanal”, na Globo, em 2022…
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Nessa onda de nostalgia, a atriz entregou em conversa com o EXTRA que já cogitou a possibilidade de fazer uma nova versão de “A história de Ana Raio e Zé Trovão”.
— Eu, Almir (Sater) e Jayme (Monjardim) já conversamos a respeito. Jayme disse: “É uma boa ideia, vamos ver o momento certo pra isso”. Eu confio na visão dele — afirma Ingra.
A intérprete de Ana Raio lembra que, por onde ia, causava frenesi:
— Ali foi um assédio realmente assustador, mas eu desmitificava o tempo todo. Procurava mostrar aos fãs que eu era igual a eles, me tirava desse pedestal ilusório.
Na época, Ingra se casou com Jayme Monjardim e os dois se apaixonaram pela criação de cavalos.
— Continuo encantada por esses animais… Lembro que meu parceiro de cena era o Zorro, que na ficção se chamava Raio, e foi emprestado por Beto Carrero (tanto o cavalo quanto o empresário já morreram). Convivi com ele por um ano, até ganhar a confiança do animal e aprender a montar. Nossa sintonia foi tanta, que a dublê acabou só me substituindo uma vez, numa cena de queda (risos) — detalha a atriz, hoje aos 58 anos.
Uma ‘empreitada inacreditável’
“A história de Ana Raio e Zé Trovão” foi uma novela itinerante: reuniu mais de cem intérpretes, entre atores e artistas do mundo circense, e percorreu 14 mil quilômetros pelo Brasil, visitando rodeios, feiras e paisagens do interior, de Norte a Sul, para as gravações. Não havia uma temática predefinida e as cenas eram totalmente gravada em externas, em cidades e feiras cenográficas.
Marcos Caruso, um dos roteiristas, definiu a obra como uma “empreitada inacreditável” em entrevista à “Playboy”:
“”Ela não era ruim. Não é porque eu que escrevi, não. Ela era mal programada. Eu soube que ia escrever ‘Ana Raio’ três semanas antes de acabar ‘Pantanal’. Jayme Monjardim disse que a história estava na cabeça e eu ia escrevê-la. E avisou: ‘Quero, a cada 20 capítulos de quatro blocos, mudar de cidade e percorrer o país inteiro’. Aí eu fui e fiz. Eu ia escrevendo a novela em um aviãozinho bimotor, literalmente nas coxas. Uma empreitada inacreditável. Foi terrível e maravilhoso ao mesmo tempo”.